São Paulo from Cristiane Schmidt on Vimeo.
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Quando era adolescente vivia perambulando por aí com alguns amigos, a diversão era simples: observar os diferentes tipos de pessoas e contemplar os velhos edifícios. Alguma coisa atraía a gente para o centro velho da cidade, ao certo não sabíamos o que era mas, utilizávamos as velhas desculpas de sermos amigos, ter o estilo musical em comum e muita conversa para colocar em dia. Como se tivéssemos vivido tanto e ficado tanto tempo sem se ver, que considerávamos quie isso era extremamente necessário.
Adoro lembrar quando a gente passava pela Ipiranga e um dos meus amigos me cutucava só pra perguntar o que estava acontecendo no meu coração. Não precisava nem de resposta, a gente saía rindo e cantando a música. Aquela velha música "Sampa". No fundo a gente sabia que fazia parte de alguma coisa mágica, uma selva de pedra dura e que apesar de tudo o que há de ruim, extraímos só o melhor.
Eu amo Sampa, sempre amei. Não escolhi nascer aqui mas, não trocaria o caos que aprendi a amar. Não digo que acostumei, apenas aprendi a extrair o que ela tem de melhor. Sampa oferece de tudo aos seus moradores, desde de drogas e lixo à carinhos e amor.
A gente escolhe o que quer, em todos os sentidos da vida.
I ♥ SP.
Feliz aniversário, Sampa do meu coração!
Créditos das fotos para
Flickr!
Flickrianos linkados nas fotos!
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